Wednesday, May 18, 2011
O admirável mundo novo
Gosto da blogosfera. Não do género de viver 24 horas ligado à máquina (tenho mais que fazer...), mas de bisbilhotar novos sites, novos blogues... E, por vezes, sou surpreendido com textos bem escritos que me transmitem sensações muito bonitas. Sou dos que pensam que o anonimato nem sempre é uma «coisa» má – aqui, na rede, ser anónimo é também sinónimo de liberdade. Não se trata de cobardia, longe disso! Há «coisas» em que nós, sob a capa do anonimato, somos mais verdadeiros, vamos ao fundo de nós próprios, sem autocensura. Naturalmente, estou a referir-me a gente séria, que utiliza esta «arma» (internet) de forma honesta – e não àquele núcleo de cibernautas que só sabe achincalhar e insultar a inteligência alheia.
Vem isto a propósito do texto que a seguir reproduzo (com a devida vénia...), no qual a autora se nos revela de corpo inteiro, sem constrangimentos. Nada dispensa a leitura de um bom livro, para mais a seguir a um «ensaio de bom sexo», mas gostei, acima de tudo, da forma arejada como a autora se exprime. Com verdade e... muita sensualidade.
Após um ensaio – ou remake – de bom sexo, nada melhor do que um cigarro a consumir-se em longos e preguiçosos travos, que levam a amálgama de veneno e bem-estar ao mais fundo dos pulmões e da alma. Esse é o cliché a que muitos recorrem para expressar a satisfação após o prazer, a continuidade de um gozo efémero, condenado que está a finar-se no exacto momento em que se liberta, e sempre me suscitou uma mistura de curiosidade e entejo. Porém, a minha perpetuação das delícias sexuais não passa por aspirar languidamente oito centímetros de nicotina e alcatrão.
Descobri, no outro dia, depois de ser despertada por uns minutos magníficos de sexo, que a volúpia desses fugazes instantes, suspensos na eternidade da memória, pode perdurar numa intoxicação muito mais saudável, ainda que sôfrega. Estava eu ali, prostrada no meu parceiro específico, já despojada e desabitada, as mãos húmidas, os dedos entrelaçados, a respiração a tentar reencontrar o seu ritmo, o suor a evaporar-se no ar quente que embaciava os vidros das janelas, quando, de repente, o olhar acompanhou o movimento da cabeça e detiveram-se ambos na mesa-de-cabeceira. No meio de alguns acessórios de invocação a Eros e a Psique, adquiridos na Ann Summers da Brewer Street, lá estava ele (o livro), deitado, sossegado, testemunha dos nossos arrojados movimentos, dos nossos inebriantes gemidos, da nossa linguagem livre de amantes vorazes. E, num ímpeto, veio aquele desejo imoderado de devorar mais cinquenta páginas de uma assentada.
Desde então, as minhas exigências literárias lascivas aumentaram e os livros aos quais permito entrada no quarto têm de estar à altura do meu companheiro e da partilha de afectos. Porque o erotismo contagia e é contagiado, numa espiral de captura perfeita.
Gosto da blogosfera. Não do género de viver 24 horas ligado à máquina (tenho mais que fazer...), mas de bisbilhotar novos sites, novos blogues... E, por vezes, sou surpreendido com textos bem escritos que me transmitem sensações muito bonitas. Sou dos que pensam que o anonimato nem sempre é uma «coisa» má – aqui, na rede, ser anónimo é também sinónimo de liberdade. Não se trata de cobardia, longe disso! Há «coisas» em que nós, sob a capa do anonimato, somos mais verdadeiros, vamos ao fundo de nós próprios, sem autocensura. Naturalmente, estou a referir-me a gente séria, que utiliza esta «arma» (internet) de forma honesta – e não àquele núcleo de cibernautas que só sabe achincalhar e insultar a inteligência alheia.
Vem isto a propósito do texto que a seguir reproduzo (com a devida vénia...), no qual a autora se nos revela de corpo inteiro, sem constrangimentos. Nada dispensa a leitura de um bom livro, para mais a seguir a um «ensaio de bom sexo», mas gostei, acima de tudo, da forma arejada como a autora se exprime. Com verdade e... muita sensualidade.
Após um ensaio – ou remake – de bom sexo, nada melhor do que um cigarro a consumir-se em longos e preguiçosos travos, que levam a amálgama de veneno e bem-estar ao mais fundo dos pulmões e da alma. Esse é o cliché a que muitos recorrem para expressar a satisfação após o prazer, a continuidade de um gozo efémero, condenado que está a finar-se no exacto momento em que se liberta, e sempre me suscitou uma mistura de curiosidade e entejo. Porém, a minha perpetuação das delícias sexuais não passa por aspirar languidamente oito centímetros de nicotina e alcatrão.
Descobri, no outro dia, depois de ser despertada por uns minutos magníficos de sexo, que a volúpia desses fugazes instantes, suspensos na eternidade da memória, pode perdurar numa intoxicação muito mais saudável, ainda que sôfrega. Estava eu ali, prostrada no meu parceiro específico, já despojada e desabitada, as mãos húmidas, os dedos entrelaçados, a respiração a tentar reencontrar o seu ritmo, o suor a evaporar-se no ar quente que embaciava os vidros das janelas, quando, de repente, o olhar acompanhou o movimento da cabeça e detiveram-se ambos na mesa-de-cabeceira. No meio de alguns acessórios de invocação a Eros e a Psique, adquiridos na Ann Summers da Brewer Street, lá estava ele (o livro), deitado, sossegado, testemunha dos nossos arrojados movimentos, dos nossos inebriantes gemidos, da nossa linguagem livre de amantes vorazes. E, num ímpeto, veio aquele desejo imoderado de devorar mais cinquenta páginas de uma assentada.
Desde então, as minhas exigências literárias lascivas aumentaram e os livros aos quais permito entrada no quarto têm de estar à altura do meu companheiro e da partilha de afectos. Porque o erotismo contagia e é contagiado, numa espiral de captura perfeita.