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Friday, January 28, 2005

Bordallo Pinheiro

A exposição «Bordallo Pinheiro: um génio sem fronteiras», que assinala o centenário da morte do desenhador, está aberta ao público até Maio no Museu Nacional da Imprensa, na cidade do Porto.
A exposição é composta por originais e dezenas de publicações periódicas, das quais Bordallo foi fundador ou colaborador. Podem ser vistas caricaturas publicadas em jornais e revistas como o «António Maria», «A Paródia», «Pontos nos ii», «Lanterna Mágica», «Ocidente» e «Brasil-Portugal», entre outras.
Para além das caricaturas, os jornais expostos abordam vários temas, privilegiando as «eleições» e as homenagens de que Bordallo Pinheiro foi alvo em 1903 e 1905.
A aposta no cartoon, em termos nacionais e internacionais, e a oportunidade do centenário levam o Museu Nacional da Imprensa a fazer de 2005 o «Ano de Bordallo Pinheiro», com a promoção de outras iniciativas, como a afixação do seu nome na futura Galeria Internacional da Caricatura, projectada para este ano.

Wednesday, January 26, 2005

À conversa com o «king»

Há dias cruzei-me com Eusébio. O encontro foi provocado por um amigo comum. Uma longa conversa de mais de duas horas que deu para pôr a escrita em dia. Comecei a gostar de futebol, em grande parte, por causa de Eusébio, Simões, José Augusto, Coluna, Torres... Tinha 15 anitos e lembro-me bem do célebre jogo com a Coreia do Norte, no Mundial de 1966, em Inglaterra. Vinha do aeroporto, no «carocha» de um funcionário da TAP (Ribatâmega de seu nome), onde fui buscar serviço dos enviados-especiais de «A BOLA» (Vítor Santos, Carlos Pinhão e Nuno Ferrari). Ouvíamos o relato e quando o «king» deu a volta ao jogo foi o delírio na Avenida da República, perto do Saldanha. Lisboa parou! Para um puto recém-chegado à cidade, oriundo de uma bonita mas recôndita aldeia beirã, aquilo foi o máximo...
Fui mordido pelo «bichinho» do futebol e depois assisti a inúmeros jogos... do Benfica. Confesso que nunca vi alguém jogar como Eusébio. Bem sei que houve polémica na escolha do «melhor do século»; bem sei que temos Pelé, Maradona, Di Stefano, Puskas, Cruyff, Platini e tantos outros na galeria dos melhores. Tudo isso é verdade e discutível, mas ninguém conseguirá apagar da minha memória a magia de uma bola nos pés de Eusébio. Para mim, foi o maior. Assim como Pelé foi o maior para os brasileiros. E Maradona para os argentinos...
A conversa com Eusébio foi, para mim, uma espécie de «ajuste de contas» com o passado. Falámos de tudo um pouco e até de amigos comuns (Vítor Santos, Carlos Pinhão, Nuno Ferrari...). O «king» tem memória de elefante. Lembra-se de «estórias» fascinantes e conta-as naquele seu jeito calmo e sábio, à boa maneira de «seculo» africano.

P.S. – Eusébio fez ontem 63 anos. À noite, no Canal História, revi os seus golos. Reafirmo o que afirmei atrás: «para mim, foi o maior». Ponto final.

Tuesday, January 18, 2005

O défice do verbo haver

O verbo haver, no sentido de existir, é impessoal. Ou seja, só se conjuga na terceira pessoa do singular. Por exemplo: «Vai haver dias bonitos» e nunca «vão haver dias bonitos». Aprendemos isto na escola primária, mesmo nestes tempos em que a escola - primária, secundária ou superior - está longe de ser o que já foi. A verdade é que cada vez mais gente com responsabilidades, políticas ou profissionais, justifica aquelas orelhas de burro que se punham em certos meninos mais cábulas na gramática.

No primeiro caso, o exemplo mais flagrante é o daquele ex-ministro que ficou para sempre como o ministro do «hádem». No segundo caso - muito em resultado do desinvestimento dos jornais nos serviços de revisão e copidesques, na proporção directa do défice (1) do uso, hoje, do português nas redacções em geral -, a situação é de tal ordem que ainda esta semana se leram estas duas pérolas:

«(...) O programa para o sector da saúde do PS também justificou declarações contraditórias. Ontem, por exemplo, Sócrates declarou que o PS quer que continuem a haver hospitais com gestão própria de uma empresa, mas tomando a forma de empresas públicas (...)»

«Francisco Pinto Balsemão que comprar o «Diário de Notícias» e a TSF ao grupo Portugal Telecom. «A Capital» sabe que já ouve conversas nesse sentido entre o patrão da SIC e os accionistas (...)»

A primeira citação é de um recente editorial de um chamado jornal de referência, subscrito pelo próprio director. A segunda é uma notícia assinada, ainda por cima, em parelha. Se uma e outra não merecem orelhas de burro...

(1) Défice é a forma aportuguesada há muito da palavra latina «deficit». É assim que vem em qualquer dicionário ou prontuário, pronunciado-se tal como se escreve: /défice/.

José Mário Costa (jornalista)

Wednesday, January 05, 2005

Tsunamis e maremotos

A tragédia na Ásia tocou-nos fundo, deixou-nos sem palavras. Agora é tempo de cuidar dos vivos, sem esquecer os mortos. Gasta-se tanto dinheiro em armas, porque não investir em sistemas de prevenção desta e de outras catástrofes? Tudo esquece e dentro de dias, aposto singelo contra dobrado, as televisões viram de novo a agulha para os Iraques do nosso espaço mediático.
A propósito da tragédia, surgiu uma nova palavra no nosso vocabulário: tsunami. Fui investigar e cheguei à seguinte conclusão:

Terramoto – Sismo na terra (tremor de terra)
[do latim terrae (da terra) + motu (movimento)]

Maremoto – Sismo no mar (tremor de mar)
[do latim mare + motu (movimento)]

[Nome que se dá a um sismo quando o epicentro se situa numa zona oceânica, produzindo-se ondas enormes (tsunamis), que se propagam a grandes distâncias, destruindo tudo no seu raio de acção.]

Tsunami (neologismo de origem japonesa) – Onda gerada pelo maremoto (nem todos os maremotos geram tsunamis)

Monday, January 03, 2005



«Estou-me borrifando pra opiniões banais de quem aprendeu tudo pelos jornais»
E TUDO ERA POSSÍVEL

Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer


Ruy Belo - «Homem de Palavra[s]»






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