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Monday, April 26, 2004

Ao qu’isto chegou!!!

Não me considero «velho saudosista», como me chamou, recentemente, um cobardolas com quem me cruzo todos os dias e não teve coragem de dar a cara, pelo facto de eu ter criticado uma prosa de eguariço num blog em que o dito debitou palha. Tenho perfeita noção de que a escrita não é uma ciência exacta, mas revolto-me ao ler textos como o que abaixo reproduzo. «Já tens idade para ter juízo», dizia-me o tal cobardolas no mail anónimo que me enviou. Talvez!, mas cantarei até que a voz me doa!

Textos como o que se segue bem poderiam ser a excepção, mas não é isso o que acontece – são o pão nosso de cada dia. É vender gato por lebre! É o mesmo que ir ao supermercado e comprar aquelas maçãs muito vistosas, cheias de verniz, mas bichadas por dentro, sem sabor. Poderá haver leitores que nem se apercebem do embuste e continuam a consumir, atraídos pela embalagem. Outros, porém, já não vão em contos-do-vigário. Tudo isto sem que os responsáveis mexam uma palha para alterar este atentado ao jornalismo e à língua portuguesa.

Alcides arrisca longa paragem

Alcides, defesa-central contratado pelo Benfica, lesionou-se ao serviço do Santos, seu actual clube, durante o confronto realizado no domingo, com o Botafogo. Segundo o relatório clínico divulgado ontem, Alcides «rompeu parcialmente dois ligamentos do joelho esquerdo: o colateralmedial e o cruzado anterior.» Para já, o diagnóstico relativamente ao tempo de paragem é reservado. Irá realizar fisioterapia e dentre de 15 dias voltará a fazer nova ressonância magnética para confirmar se necessita ou não se ser operado ao joelho. O médico do Santos explicou durante o dia de ontem, em declarações à imprensa brasileira, que em caso de intervenção cirúrgica a paragem pode ser longa. «Pela minha experiência, acho que teremos que usar um tratamento conservador para resolver esse caso. Ele sofreu uma ruptura parcial nos ligamentos, mas teremos de esperar 15 dias para ver como vai recuperar», explicando que o prazo de recuperação, em caso de operação, «varia entre seis a oito meses.» Mais optimistas são as previsões caso a mazela se resolva com fisioterapia: «Nesse caso poderá voltar a treinar com bola dentro de oito semanas.» Alcides foi titular e saiu lesionado em cima do intervalo, após um choque com Têti.

Texto publicado em «A BOLA» (27-4-2004) e digno de ser incluído nos manuais de «jornalismo»... Se isto é português, eu quero ser espanhol!

Ao menos os títulos!

Nem os títulos escapam à razia. Mal construídos, com vírgulas, sem imaginação. Os chamados «criativos», cuja inovação aprecio em muitos casos, também exageram. Tudo lhes é permitido. São agora os «meninos bonitos» dos jornais e não hesitam em «sacrificar» o texto em detrimento das suas concepções gráficas. Bem sei que há novas formas visuais para passar a mensagem e, por outro lado, a «matéria-prima» que lhes chega às mãos nem sempre é de qualidade. Mas há limites... e os exemplos que se seguem são autênticos mamarrachos!

«Ó pai, só há
dos mais caros!»


«A BOLA» (27-4-2004)

«Beto não vai perder este» [este quê?]

«A BOLA» (27-4-2004)

Monday, April 19, 2004

Calinadas

Ora então vamos lá apresentar mais umas tantas calinadas (entre parêntesis a palavra correcta):

- àcerca de... (acerca de...)
- a-propósito de... (a propósito de...)
- ermita (eremita)
- grangear (granjear)
- precalço (percalço)
- saber de experiência feita (saber de experiências feito)
- saiem (saem)
- despendioso, despêndio (dispendioso, dispêndio)
- disfrutar (desfrutar)
- espurgar (expurgar)
- púdico/a (pudico/a)
- prespectiva (perspectiva)
- despesas que faltam pagar (despesas que falta pagar)
- degladiar (digladiar)
- tenho a certeza que (tenho a certeza de que)
- campião (campeão)
- audio-visual (audiovisual)
- (...)

Sunday, April 18, 2004

O segredo da recuperação da TAP

De empresa deficitária e quase em vias de extinção, a TAP alcançou finalmente resultados positivos. O «milagre» deveu-se, essencialmente, a um brasileiro praticamente desconhecido, Fernando Pinto de seu nome, que deixou a Varig para se dedicar de corpo e alma à recuperação da transportadora aérea portuguesa, em 2000.

Nada acontece por acaso e em recente entrevista à «Única» (revista do jornal «Expresso»), Fernando Pinto revelou o «segredo» que esteve na origem da recuperação da TAP: «Só há uma forma de uma empresa ter progresso. Primeiro, é preciso dar-lhe um rumo. Segundo, é preciso fazer com que os empregados acreditem nesse rumo. Terceiro, é preciso motivar os empregados para que eles ajudem a gestão a chegar lá. Portanto, na minha opinião, só há um segredo: os empregados, a motivação das pessoas.»

Fernando Pinto não descobriu a pólvora, mas somos forçados a comparar as suas ideias com o que se passa em Portugal. Muitos empresários ainda vivem em pleno apogeu do liberalismo selvagem, vêem no «capital humano» um inimigo a abater. Adeptos do lucro a qualquer preço, apostam na mão-de-obra barata (de gente jovem à procura do primeiro trabalho), pagam miseravelmente e dispensam as pessoas mais antigas e experientes. O mesmo que aconteceu nos EUA, já lá vão uns anos. Depois, quando quiseram readmitir alguns desses trabalhadores, já era tarde. Eles tinham comprado canas de pesca e fizeram um manguito aos tecnocratas (a «Time» dedicou uma edição a este tema).

Voltemos a Fernando Pinto. Questionado, na referida entrevista, sobre o que faltava à TAP quando lá chegou, o gestor brasileiro respondeu: «Direcção, qualidade de gestão. Se o gestor quer mudar as coisas, primeiro tem de dar uma visão às pessoas dos objectivos que se pretendem alcançar. Depois, tem de estar por detrás das pessoas, ou seja, menos que liderar, ele tem de dar o suporte, o apoio, a chamada pirâmide invertida. O gestor tem de estar em baixo da pirâmide a sustentar o pessoal que está lá, para tomar as decisões e fazer com que o produto final saia direito.»

O jornalista do «Expresso» colocou, a seguir, a seguinte pergunta: «Esse sistema de gestão não colide com os modelos americanos?»

A resposta de Fernando Pinto não nos surpreendeu: «Sim, mas no modelo americano também se caminha para isso. Claro que em Portugal há empresas maravilhosas em termos de qualidade de gestão, como a Galp ou a PT.»

A entrevista tem largos motivos de interesse, mas ficamos por aqui. Se ao menos alguns patrões (e seus acólitos...) da nossa praça a tiverem lido, já não foi mau...

Saturday, April 17, 2004

HUMILDADE

«Humildade... ou falta dela. Eis o cerne da questão. São cada vez mais os que se afastam desta qualidade e, quanto a mim, a perda deste valor está na base de todos os desentendimentos e ódios que se propagam como cogumelos por esse Mundo fora, radicalizando conflitos movidos por interesses pessoais.

Intimamente ligada a dinheiro e poder, a falta de humildade mina relações em repartições de trabalho, induz em erro governos e governantes e fomenta o desrespeito pelos valores culturais do semelhante. Felizmente, ainda há quem não precise de pôr-se em bicos de pés para ver o seu trabalho reconhecido (...)»

António Pereira, in «A BOLA»

(Gostei de ler e subscrevo as palavras do meu amigo «Ito»)

Monday, April 12, 2004

Gosto de ti, ó poeta!

Cheguei a uma idade em que ainda não me sinto velho mas, se calhar, isto não passa de conversa de «kota»... Nos últimos anos tenho convivido, profissionalmente, com jovens de vinte e poucos anos e não me tenho dado mal. Esse estúpido que falou em «geração rasca» devia ser mobilizado «já» para o Iraque! Há gente jovem de grande competência e sensibilidade. É pena que certos tecnocratas cortem as «asas» a quem tem enorme capacidade para voar.

Vem este breve intróito a propósito do Nuno. Caladinho, competentíssimo na sua área profissional, sempre disponível quando solicitado a dar uma ajudinha neste emaranhado que é a informática, o Nuno, dizia, tem-se-me revelado, no seu blog (aqui ao lado), uma verdadeira surpresa na forma aparentemente simples mas profunda como faz poesia.

Descobri o «outro» Nuno e passei a gostar ainda mais do... Nuno.

Thursday, April 08, 2004

Porque é que?

- Porque é que George W. Bush tem tanta falta de inteligência?
- Porque é que a França se lembrou de embirrar com o uso de véus nas escolas?
- Porque é que nos matamos uns aos outros?
- Porque é que a Manuela Moura Guedes tem uma boca tão grande?
- Porque é que estamos em crise?
- Porque é que caiu a ponte de Entre-os-Rios?
- Porque é que os planos de emergência dos estádios do Euro-2004 ainda não foram entregues aos bombeiros?
- Porque é que o FC Porto é o que é?
- Porque é que o Calimero tem um fascínio tão grande pela Abelha Maia?
- Porque é que não nos vestimos todos de amarelo?
- Porque é que os gatos miam?
- Porque é que aquela astróloga se chama Maya e não Mafalda ou Heidi?
- Porque é que gostamos tanto de chocolate?
- Porque é que choram os advogados pelos seus clientes?
- Porque é que o Valentim Loureiro é major?
- Porque é que permitem a Avelino Ferreira Torres que seja presidente da Câmara Municipal da Marco de Canaveses?
- Porque é que a «Catherine Deneuve» frequenta o Parque Eduardo VII?
- Porque é que o Xanana Gusmão fala tão devagar?
- Porque é que o José Saramago não gosta que se diga Nobel, mas sim «Nóbél»?
- Porque é que o Carlos Carvalhas fala pelo nariz?
- Porque é que o Pinto da Costa está há tanto tempo na presidência do FC Porto?
- Porque é que a Cinha Jardim fez uma operação plástica?
- Porque é que o Herman José ficou loiro?
- Porque é que não suporto o casal José Castelo Branco/Betty Graffstein?
- Porque é que há pedófilos?
- Porque é que, apesar da doença, o Papa ainda consegue exercer as suas funções na perfeição?
- Porque é que os judeus são circuncizados?
- Porque é que as pessoas ainda julgam que o tabaco acalma?
- Porque é que nos Estados Unidos só se come junk-food?
- Porque é que os agentes secretos da CIA e do FBI correm ao lado do carro do presidente dos EUA, quando ele visita algum sítio?
- Porque é que o álcool embebeda?
- Porque é que o Diogo Infante é tão giro?
- Porque estou eu aqui, às 2.55 h da matina, a fazer isto?!

Inês


Wednesday, April 07, 2004

Afinal não estou sozinho nesta «cruzada» contra as «calinadas» de português. A «gralha», em si, não me repugna por aí além (sempre as houve), até porque raramente induz o leitor em erro. Mais graves são os atropelos à língua portuguesa, como demonstra o exemplo que a seguir reproduzo (com a devida vénia), recolhido do blog «bola na área» e assinado por PauloS.

TELECALINADAS

Sou um utilizador regular dos serviços de teletexto de várias televisões. De manhã, uma das primeiras coisas que faço é clicar nas páginas 291 e 292 do teletexto da RTP. Para quem não sabe, naquelas páginas reproduzem-se alguns títulos das capas dos jornais do dia. Apesar de o serviço ser relativamente fácil de executar - é só copiar! - há quem tenha sérias dificuldades em cumprir a missão, seja por exagerar nas gralhas ou por não estar familiarizado com a língua... portuguesa.
Os exemplos antigos são vários, mas hoje a coisa - para não lhe chamar outro nome - é tão grave que convido os interessados a visitar as referidas páginas para confirmar o que, de seguida, vou relatar. O mais fielmente possível, pois estou a tentar copiar bem o que alguém copiou mal.

A Capital:
«Destino da Bombardier trassado hà 2 anos»; «Portugal mantem enviu de militartes para o Iraque».

Público:
«... Bush mantêm transição de poderes no Iraque»; «França detém.... membros de organisação radical...»

Diário de Notícias:
«45 imigrantes pedem apoio diáriamente».

Diário Económico:
«Antingos acionistas regressam à Galp».

Jornal de Notícias:
«Anestesista do Hospil de Lagos suspensa».

Viva o serviço público!
# posted by PauloS

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